sábado, 30 de outubro de 2010

Cicatrização e Regeneração

A cicatrização e regeneração não são processos degenerativos, nem neoplásicos, logo têm de
ser enquadrados no processo inflamatório. Quando se inicia um processo inflamatório, que é
sempre um mecanismo de defesa contra um agente agressor, simultaneamente, também se dá
início aos mecanismos desencadeadores de cicatrização e regeneração.

Nos casos da pneumonia (inflamação), corte na pele (trauma seguido de inflamação) ou um
enfarte do miocárdio (necrose isquémica seguida de inflamação), o processo envolvido é
comum: inflamação, embora o agente agressor não seja o mesmo. Mas a inflamação vai
evoluir de forma distinta, no que diz respeito à regeneração e à cicatrização.
Se um corte na pele, vai levar a cicatriz, ou não, depende da
superficial na pele, em geral não leva à cicatrização, o mesmo não acontece num corte mais
profundo.

Já o enfarte do miocárdio leva sempre à cicatrização. Assim, outro ponto importante da cicatrização (para além da extensão) é o
- Regeneração
- Cicatrização
O que vai depender para que uma reparação se processe por regeneração ou cicatrização, é:
-extensão da lesão
-órgão lesado
REPARAÇÃO
Regeneração Cicatrização
Processo pelo qual as células que
morreram, devido à agressão, são
substituídas pelas células do
parênquima do mesmo órgão
Processo em que as células
lesadas não são
células parenquimatosas, mas
substituídas por
por tecido fibroso: cicatriz

.
extensão da lesão. Um corteórgão, o tipo de células que o constitui.A reparação processa-se de duas formas:
Estes mecanismos não se excluem mutuamente, ou seja, após lesão, no mesmo tecido pode haver regeneração e cicatrização.

Estas lesões foram reparadas de maneira diferente:
 
Se vai haver ou não cicatrização depende de:
-Tipo de tecido
-Intensidade da agressão
-Manutenção da membrana basal, do esqueleto do tecido.

Há muitos anos, que se sabe que o fígado tem capacidade de regeneração, como nos é
relatado na Lenda do Prometeu. Prometeu roubou o fogo aos Deuses, e por isso foi
acorrentado. Durante o dia os abutres comiam o seu fígado, e à noite este regenerava-se. E
vocês perguntam porque é que eu não posso beber beber beber e o fígado não regenera, tem
que existir a maldita da cirrose! Porquê? (não Mariana, esta não é nenhuma indirecta para
ti....) De certeza que beber é menos agressivo que o abutre do Prometeu!

Porque é que o fígado, sendo um órgão por excelência de regeneração, leva a cirrose devido
ao alcoolismo crónico?

O próprio termo cirrose significa fibrose. O que acontece é que antes de chegar a cirrose o
alcoolismo crónico provocou um processo inflamatório:
é que evoluiu para cirrose. Mas neste processo inflamatório há destruição da membrana basal,
e portanto o fígado regenera. Só que regenera duma forma desordenada: forma nódulos.
Esses nódulos cercados por fibrose constituem a
Hepatite alcoólica. E a partir destaCirrose Hepática.
Embora exista algum enfisema, os alvéolos estão vazios (cheios de ar). O pulmão está perfeitamente normal.
Não se sabe se este indivíduo já teve pneumonia no passado, porque o pulmão quando é agredido num indivíduo imunocompetente a reparação da lesão processa-se por regeneração. Há substituição do tecido morto, limpeza do processo
inflamatório e não fica nenhuma marca, nenhuma cicatriz.

Este coração tem fibrose. A parede ventricular está extremamente adelgaçada, o músculo
morreu e foi substituído por tecido conjuntivo fibroso, ficando uma cicatriz. A reparação do
enfarte do miocárdio fez-se por cicatrização.
Outro exemplo de reparação por cicatrização é a Artrite Reumatóide, em que as articulações
sofrem um processo inflamatório, há destruição destas, e o tecido é substituído por fibrose.

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